segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Balada do amor atráves das idades.

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Sai do cavalo de pau
pra matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ai te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira....
Pulei muro do convento
mas complicações políticas
nos levaram á guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.
Carlos Drummond de Andrade.
(Eu amo esse texto, pois é o que eu acredito, vai passar e o tempo dirá o quanto vale um amor verdadeiro).

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